A celebração do Dia da Consciência Negra (20 de novembro) nos lembra da persistente luta por igualdade. No campo da educação, os dados do Saeb 2023 mostram que a matemática ainda é um obstáculo que aprofunda as desigualdades raciais no Brasil.
Os números são alarmantes e revelam a estagnação no aprendizado de matemática para estudantes negros:
- 10% dos estudantes negros que terminaram o 9º ano do Ensino Fundamental em 2023 alcançaram o nível de aprendizado considerado suficiente em matemática. Este percentual é o mesmo registrado em 2017.
- Para os alunos brancos, houve um leve avanço no mesmo período, passando de 21% em 2017 para 23% em 2023.
- A diferença na aprendizagem de matemática entre alunos negros e brancos da rede pública nos Anos Finais (6º ao 9º ano) é de 13%.
“Justamente por ser frequentemente encarada como uma área de conhecimento difícil e ‘para poucos’ , A matemática pode ser um vetor poderoso de enfrentamento das desigualdades. POR ISSO, É fundamental acreditar que todos podem aprender a disciplina e é igualmente urgente é diversificar as estratégias de seu ensino”.
Patricia Mota Guedes, superintendente do Itaú Social
Matemática Antirracista
Para mudar esse jogo, a solução passa pela revisão das práticas pedagógicas. Uma nova abordagem, que valoriza a cultura e a contribuição dos povos africanos, surge como uma alternativa poderosa: a Matemática Antirracista. O curso gratuito “Matemática Antirracista”, disponível na Escola Fundação Itaú, incentiva educadores a:
- Revisar suas percepções sobre a disciplina.
- Desenvolver formas de ensino que se conectem com as realidades dos alunos.
- Reconhecer a matemática como uma construção social e não um saber “restrito a poucos”.
“A Matemática antirracista é uma abordagem que promove a inclusão e a equidade. Representa um passo importante para desconstruir a ideia de que a disciplina é um saber restrito a poucos, reafirmando que seu acesso é um direito universal. Essa perspectiva busca superar a visão hegemônica da formação docente e propõe um ensino que reconheça seu papel político, social e econômico na construção de uma sociedade mais justa.”
Daniel de Oliveira Lima, professor e autor do curso
Ao incorporar conhecimentos e práticas de diferentes povos e contextos socioculturais, como os de origem africana, a disciplina se torna mais acessível. Essa conexão aproxima os conteúdos matemáticos do cotidiano e das vivências dos estudantes, ampliando o senso de pertencimento.
Compromisso Nacional
Em resposta a esse desafio, o governo federal, por meio do MEC (Ministério da Educação), lançou em outubro de 2025 o Compromisso Nacional Toda Matemática. O programa visa garantir que todos os estudantes da educação básica se apropriem dos conhecimentos da disciplina, com um foco especial na equidade educacional, combatendo as desigualdades raciais mostradas pelo Saeb.
O programa prevê:
- Apoio técnico e financeiro às redes de ensino, com destinação de até R$ 70 milhões ainda em 2025.
- Disponibilização de materiais, como um guia de priorização curricular e cadernos complementares.
- Oferta de cursos de especialização e aperfeiçoamento para profissionais da educação.
- Mapeamento e reconhecimento de boas práticas pedagógicas.
A iniciativa reforça a visão de que a matemática é uma ferramenta de desenvolvimento, mobilidade social e fortalecimento econômico, essencial para a formação de indivíduos críticos e engajados em suas comunidades.
+ Conheça a iniciativa: https://www.gov.br/mec/pt-br/toda-matematica. Saiba mais sobre a Fundação Itaú Escola: https://fundacaoitau.org.br/escola/


