Em um cenário marcado pelo aumento das taxas de ansiedade, depressão, autolesões e suicídio no Brasil, diferentes instituições têm buscado alternativas criativas e humanizadas para enfrentar os desafios da saúde mental. Entre elas, a presença de animais em ambientes corporativos, acadêmicos e hospitalares tem se mostrado uma poderosa ferramenta de acolhimento e transformação.
Pausas de afeto no ambiente corporativo
Na sede da Serasa Experian em São Paulo, uma terça-feira comum de outubro ganhou novos significados com a visita de seis cães de assistência da ONG Reddogs. Durante três horas, os corredores se encheram de passos e rabinhos abanando, proporcionando leveza e conexão a cerca de 900 colaboradores.
A iniciativa integra a estratégia da empresa de cuidar da saúde mental e emocional dos funcionários, reforçando que pequenas pausas e gestos de carinho também fazem parte de uma cultura corporativa saudável.

“O bem-estar não nasce apenas de grandes projetos, ele começa em momentos simples, como um olhar, um toque, uma pausa”.
Fernando Moset, líder de benefícios, remuneração e saúde da datatech da Serasa Experian
A ONG Reddogs treina cães para apoiar famílias com crianças autistas, pessoas com depressão severa ou mobilidade reduzida. As visitas a empresas, escolas e hospitais fazem parte do processo de socialização dos animais e levam conforto a quem mais precisa.
Acolhimento estudantil
Na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), o Projeto Focinhos transforma o campus de Curitiba em um espaço de acolhimento semanal. Cães, gatos, coelhos e até um pônei participam das atividades, que acontecem durante o período letivo em diferentes horários.
O projeto é parte do PUCPR Acolhe, setor dedicado ao apoio estudantil, e busca reduzir ansiedade e estresse de forma descontraída. Em 2024, o projeto contou com 50 voluntários e realizou visitas externas a clínicas e hospitais, ampliando seu impacto. Além disso, o PUCPR Acolhe promove oficinas mediadas por psicólogos, como atividades manuais, tricô e gastronomia, reforçando o compromisso com a saúde integral e inclusão.
“Os animais vão muito além do papel de simples pets. Eles atuam como verdadeiros cuidadores e grandes companheiros, oferecendo suporte valioso no processo de qualidade de vida”.
Ana Lucia Lacerda Michelotto, coordenadora do programa.
Humanização hospitalar
Em Fortaleza, o ambiente hospitalar ganhou um toque especial de afeto com o Projeto Pet Amigo, da Unimed Fortaleza. Criado em 2016, o programa leva cães terapeutas para interagir com pacientes internados, promovendo momentos de conexão emocional que contribuem diretamente para o bem-estar e a recuperação.
As visitas são realizadas pelo grupo Sexteto Quatro Patas, formado por cães treinados e acompanhados por condutores habilitados. Todos os animais são vacinados, higienizados e possuem atestado veterinário, garantindo segurança e tranquilidade.
“O Pet Amigo leva acolhimento, empatia e momentos de alegria ao ambiente hospitalar. Acompanhar o encantamento dos pacientes e a emoção das famílias reforça nossa vontade de seguir apoiando iniciativas que promovem a humanização da saúde”.
Daniele Moreira, coordenadora da Experiência do Paciente da Unimed Fortaleza


Um movimento coletivo de cuidado
Embora diferentes em seus contextos — corporativo, acadêmico e hospitalar —, as três iniciativas compartilham um mesmo propósito: usar o vínculo humano-animal como ferramenta de acolhimento e promoção da saúde mental.
Em tempos de índices alarmantes de ansiedade e depressão, projetos como os da Serasa Experian, PUCPR e Unimed Fortaleza mostram que o cuidado emocional pode ser alegre, compartilhado e transformador. Afinal, o carinho de um cão, o aconchego de um gato ou até a presença curiosa de um pônei podem ser tão poderosos quanto qualquer remédio.


