Do coração da Serra da Meruoca nasce um projeto que entrelaça tecnologia e tradição, memória e futuro. A Narrativa Entretenimento, produtora fundada em 2020, se prepara para lançar seu primeiro longa-metragem de animação em 2D: Um Natal no Sertão. A obra, em fase de produção desde agosto de 2024, tem estreia prevista para 2026 e reúne cerca de 40 profissionais do audiovisual, grande parte oriundos do interior cearense.
O filme aposta em uma estética digital moderna – a técnica de animação cut-out, que manipula personagens como marionetes virtuais – para contar uma história profundamente enraizada na cultura e nos afetos do Nordeste. A protagonista, Cidinha, é uma menina que enfrenta desafios e medos para realizar um desejo simples e tocante: passar o Natal ao lado da avó.
“Escolhemos ambientar a narrativa na caatinga em seu ciclo chuvoso, quando tudo floresce em verdes intensos. É nesse cenário exuberante que Cidinha vive sua jornada, acompanhada do jumentinho Lulu e da dupla de saguis Lucy e Rone. Queremos mostrar um sertão vivo, fértil e pulsante, muito distante do imaginário árido que por tanto tempo foi cristalizado”, afirma o diretor Augusto César.
Cultura popular como eixo narrativo
Mais do que uma aventura natalina, Um Natal no Sertão é uma declaração de amor à cultura popular nordestina. Pião, reisado, dramistas, rezadeiras e parteiras atravessam a narrativa, transformando cada detalhe em elo entre passado e futuro.
“O catálogo de filmes natalinos disponível hoje é dominado por estéticas estrangeiras. Nosso objetivo é preencher essa lacuna, trazendo uma história brasileira, feita no interior do Ceará, que valoriza nossas tradições e as apresenta ao mundo”, explica o diretor.
A produção é viabilizada com financiamento da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult), por meio da Lei Paulo Gustavo. Para os produtores George Alex e Augusto César, a política pública é essencial não apenas para descentralizar o audiovisual do eixo Rio-São Paulo, mas também para afirmar o cinema cearense como força criativa plural.



Cinema como ato de resistência
Com cinco obras já realizadas, a Narrativa Entretenimento aposta em projetos que têm a cultura popular como centro. “Nosso Estado é um terreno fértil para narrativas que exaltam manifestações tradicionais. Ao registrá-las, criamos pontes entre o ontem e o amanhã, preservando e atualizando memórias coletivas”, reforça Felipe Brandão, gerente de produção do longa.
Para os realizadores, dar vida à caatinga animada e transformar costumes locais em experiências universais é também um gesto político. “Trazer à tela histórias enraizadas em nossas comunidades é um ato de resistência e de afirmação identitária. Queremos que o mundo veja o sertão em sua plenitude, não apenas como cenário, mas como personagem”, resume Augusto César.
Com Um Natal no Sertão, o cinema do interior do Ceará reafirma sua vocação: contar histórias universais sem abrir mão de suas raízes, projetando no futuro o brilho das tradições que fazem do Nordeste um território de invenção e poesia.
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